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Festa do Congado celebra 145 anos em Uberlândia

Depois de dois anos de isolamento social, os congadeiros retornaram às ruas e realizaram uma das maiores edições da sua popular festividade


Congadeiros visitando Rei Perpétuo no último dia da festa do Congado | Foto de Vitória Marcelino


A Festa do Congado se encerrou há pouco mais de uma semana, com os desfiles dos ternos, reunindo milhares de pessoas pelas ruas. Essa é uma das mais antigas manifestações culturais, sociais e religiosas que ocorrem anualmente em Uberlândia, tendo sido apenas interrompida durante a pandemia, período em que os congadeiros não puderam se reunir Contudo, em 2022, a celebração voltou com as atividades presenciais e contou com a expectativa de mais de 20 mil participantes, marcando seus 145 anos de história.


Os preparativos começaram meses antes, desde agosto, com a realização de encontros, novenas e leilões. No domingo (09), os ternos se reuniram de manhã na Rua Prata, sede da Irmandade, dando início ao cortejo até a Igreja do Rosário, onde ocorreram as apresentações dos Ternos; no fim da tarde, também foram realizadas a procissão, a missa e a coroação de Nossa Sra. do Rosário.


Na segunda-feira (10), os grupos andaram pela cidade, passando pelos festejos, sendo recebidos em suas residências, e, à noite, todos se reuniram novamente na Igreja para o encerramento das festividades. Em entrevista com Regina Ferreira Rodrigues, ela compartilhou sua vivência no Congado.


Regina Rodrigues com seu pai e seu filho | Foto de Vitória Marcelino


Regina é filha de José Rodrigues e Darci Ferreira Rodrigues. Desde 2016, o casal é formado pelo rei e pela rainha, que representam o Reinado Perpétuo dentro do Congado, zelando por todos os ternos e com a função de ajudar a manter os costumes, a fé e a religiosidade, com base em suas experiências, sabedoria e respeito às tradições.


No segundo dia da festa, eles receberam todos os grupos que foram até a casa dos dois para cantar, agradecer e prestar reverência. “No dia, nós temos toda uma estrutura para recebê-los, então, começamos a trabalhar nisso durante o ano inteirinho, eu junto com o meu filho cuidamos de toda essa parte da organização, desde a contratação de quem vai colocar as tendas a como vai ser a organização, como vai ser o lanche, a água, as pessoas que vão fazer a prestação de serviço, desde o pessoal que vai ficar na cozinha até as pessoas que vão fazer o registro da festa”, disse Regina. Ela e seu filho se dedicaram a cada detalhe para que pudessem receber os grupos e o público com a preocupação de que todos se sentissem abraçados e acolhidos.


Regina conta que nasceu no Congado e foi Menina da Bandeira aos 15 anos. “Eu dancei e carreguei a Fita do Moçambique de Belém, depois mesmo adulta, nunca deixei de levar meu filho para aprender as tradições, a nossa fé e a nossa cultura. É uma energia, uma força e que quando você acha que naquele ano não vai dar, que as coisas estão complicadas, mas quando você vê que conseguiu, que os grupos estão chegando, estão cantando, é uma alegria sem fim, é uma emoção que vai além de qualquer coisa.”


Coroa do Rei Perpétuo | Foto de Vitória Marcelino



Congadeiros tocando sanfona na Festa do Congado | Foto de Vitória Marcelino


Segundo a entrevistada, o Congado é Patrimônio Imaterial Municipal de Uberlândia, atualmente contando com 24 ternos, organizados em quatro grupos diferentes: Congo, Catupé, Marujo e Moçambique, sendo não apenas uma manifestação religiosa e cultural, mas um símbolo de resistência e fruto de várias lutas por parte dos congadeiros.


“Colocar o Congado no patamar que está hoje aqui em Uberlândia foi muito difícil e muita gente boa trabalhou para isso. Nós enfrentamos muito preconceito, enfrentamos até hoje, às vezes, quando a gente sai nas ruas, as pessoas xingam, jogam água, já chegaram a jogar até ovo e falam que gente negra só sabe sujar a cidade. E não é isso, eles não entendem o que o Congado significa, que a gente luta e resiste porque chegar aonde nós chegamos não foi fácil”, declarou Regina.


Ela enfatizou a preocupação em não deixar que essa cultura se perca. “Para mim, quando eu vou para a rua dançar o Congado, eu estou honrando a memória de todos os meus antepassados que, por causa da sociedade racista em que nós vivemos até hoje, não puderam exercer a sua religiosidade, então, pra mim, é um orgulho falar que eu danço no Congado, porque eu sei que os meus ancestrais levantaram essa bandeira e eu vou continuar nessa luta até o fim”, enfatizou a congadeira.


Congo da Prata prestando homenagem ao rei e a rainha | Foto de Vitória Marcelino





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Blog produzido pelas estudantes Giovana Sallum Seno e Vitória Marcelino de Carvalho como exigência parcial para aprovação nas disciplinas de Projeto Interdisciplinar em Comunicação II, Técnicas de Reportagem, Entrevista e Redação Jornalística e Planejamento Gráfico; oferecidas pelo curso de Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia.

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